Estão abertas as inscrições para o processo seletivo para tutor do PET – Comunicação da UFBA, que começaram dia 20 de março e vão até o dia 01 de abril. No dia 02 de abril será divulgada a lista dos candidatos, juntamente com a data, o local e a ordem das entrevistas, que serão organizadas por ordem alfabética e deverão ser realizadas na semana de 9 a 13 de abril e acontecerão na sala do PET.
As candidaturas deverão ser elaboradas na forma de um ofício dirigido à Comissão de Seleção do Tutor do PET-Comunicação e os candidatos terão que apresentar os seguintes documentos: carta expondo as razões do interesse em ser tutor do PET-Comunicação, demonstrando conhecimento das diretrizes do Programa (explicitadas na portaria N º 976, DE 27 DE JULHO DE 2010, do MEC/SESu) e evidenciando a adequação do candidato ao perfil exigido, de acordo com o Manual de Orientações Básicas do PET; plano de trabalho para o Grupo PET-Comunicação para os próximos três anos; Currículo Lattes (atualizado); cópia do diploma de doutor; cópia do CPF; matrícula no SIAPE; dados bancários (Banco do Brasil); endereço, telefones e email. Esses documentos deverão ser enviados para o email selecaotutorpetcom2012@gmail.com.
Demais informações estão contidas no edital de seleção, que pode ser encontrado em http://bit.ly/Hh4ruW
No dia 16 de março, durante a Calourosa 2012 da Ufba, o Petcom e o Pet-Comunidades Indígenas realizaram a “Xoça Manifesto”. A atividade, de cunho político e extensionista, seguiu a proposta de divulgar o Programa de Educação Tutorial para os estudantes da Ufba e também de dar visibilidade à questão indígena no espaço da universidade, através da distribuição do manifestado produzido pelo grupo Comunidades Indígenas.
Além disso, o Petcom esteve presente no estande da Faculdade de Comunicação, na Feira do Conhecimento, apresentando aos discentes os projetos do Petcom, como a Revista Fraude e as oficinas realizadas pelo grupo, e também distribuindo o Peteleco 2012, informativo que explica a proposta e os objetivos do Programa de Educação Tutorial.
Realizar uma parceria com o outro grupo Pet foi uma experiência muita enriquecedora para os bolsistas do Petcom. Isso se amplificou pelo fato do Pet- Com. Indígenas ser um Pet –Conexões de Saberes, que se organiza de forma diferente, e pela troca de conhecimento com uma cultura de raiz indígena, a qual temos pouco contato direto. Leia a seguir, o manifesto.
Você sabia que têm índios Pataxó, Pankararu e Xucuru-Kariri nesta universidade?
Pois fique sabendo que sim!! E todos estão espalhados por diversas áreas do conhecimento: Artes, saúde, ciências humanas e educação; mesmo depois de mais de cinco séculos de exploração, assassinatos e tentativas de extinção. Talvez você não tenha percebido, porque não somos como o índio retratado na Carta de Caminha ou nas pinturas do período colonial.
A inserção na universidade se constitui hoje como um novo lugar para que nós, povos indígenas, lutemos pela valorização da nossa cultura e do nosso modo de vida, e da nossa sobrevivência enquanto povos diferenciados. Assim, podemos demonstrar que não estamos fadados a desaparecer e que estamos dispostos a lutar pela nossa sobrevivência física e cultural. Por isso, acreditamos que o protagonismo indígena deve ser adotado enquanto ideologia e prática na tomada de decisões que nos afetam, direta ou indiretamente. Desse modo, a participação ampliada dos índios nas esferas de exercício do poder é fundamental.
Por isso entendemos a importância de inserir o debate político sobre as questões indígenas dentro dos espaços da Universidade. Percebemos que a comunidade universitária ignora a realidade e luta dos povos indígenas. Mas não saímos das nossas aldeias para enfrentar esse mundo acadêmico em vão!!! Se a universidade não está preparada para nos receber, nós vamos prepará-la. Não queremos ser apenas “objeto de pesquisa” de uma ciência que nos exclui enquanto sujeitos históricos e produtores de conhecimento. À universidade se atribui um grande potencial de transformação da sociedade e esta deve começar por renovar a si mesma. Entendemos que este deve ser um espaço não apenas que represente a diversidade no discurso, mas que seja efetivamente construído por ela.
Por isso, acreditamos que democratizar é garantir que diferentes concepções e opiniões interajam para construir um ambiente de diálogo e de verdadeiro respeito às diferenças. Um lugar tão importante como a Universidade, será muito mais rico e possível se os sujeitos que constroem esse espaço representarem a própria diversidade das sociedades.
Nós, índios das etnias Pataxó, Pankararu e Xucuru-Kariri, não queremos ser considerados apenas pelo que fomos, por nossas perdas. Nós queremos ser entendidos e respeitados como parte de um processo mais amplo de reelaboração sócio-cultural que nos faz ser o que somos hoje: povos que se diferenciam em vários aspectos, mas que se unem na luta pela manutenção de nossas identidades indígenas, pelo respeito à diversidade étnica, e mesmo pelo direito a existir.
QUEREMOS mostrar quem somos e o que queremos dentro desta universidade.
QUEREMOS fazer HISTÓRIA, engenharia, química, psicologia, economia…
QUEREMOS uma ciência que não nos oprima, mas que nos respeite e valorize.
QUEREMOS manter um dialogo horizontal com a universidade.
QUEREMOS abrir a universidade para as comunidades indígenas.
QUEREMOS assistência estudantil que garanta a permanência dos estudantes que vêem das aldeias, assegurando moradia, transporte, alimentação, material didático.
QUEREMOS pesquisa e extensão diferenciada e voltada para as nossas comunidades, pois não queremos perder o vínculo com nossos povos, nem com a luta geral do movimento indígena.
QUEREMOS A REVERSÃO da língua limitada dos que falam do indígena como bicho, animal sem alma, coisa medíocre, preguiçoso, sem entender que o índio tem muito a dizer e a ensinar..
Ser índio é ser guerreiro, persistente e nunca desistir, é lutar sempre, e a cada dia descobrir uma nova estratégia de sobrevivência.
Nós queremos que as pesquisas e os projetos de extensão sejam utilizados em benefício de nossos povos e por isso percebemos a importância da nossa participação na formulação e execução desses projetos.
“Viva a Xoça!”, projeto realizado em conjunto pelos grupos Pet Comunidades Indígenas, Pet Comunicação e Pet Letras, durante a Calourosa da Ufba, acontece no dia 16 de março, a partir das 14h, em frente ao PAF III (Campus de Ondina/Ufba). A atividade de boas-vindas aos calouros pretende apresentar e discutir, a partir de rodas de conversa, um pouco do mundo diverso que há dentro da Universidade.
A Xoça, na tradição Pataxó, é uma moradia nômade e temporária que simboliza a demarcação e a ocupação de um território. Atualmente, a Xoça tem tido caráter político na luta dos povos indígenas, e sua construção é uma manifestação em prol da afirmação e do respeito com a cultura e a etnia indígena.
A proposta destes grupos do Programa de Ensino Tutorial (Pet) é proporcionar uma vivência da cultura indígena e, a partir deste formato horizontal de debate, suscitar questões sobre a própria Universidade, enquanto espaço de produção de conhecimento e de sociabilidade.
O evento começa com o ritual de construção da Xoça, em que todos os presentes podem participar, às 10h. A partir das 14h serão iniciadas as rodas de conversa, tendo com o tema central “Diversidade na Universidade”. Primeiro, o debate gira em torno da inclusão e democratização de saberes. Em seguida, conversaremos sobre a Lei nº11.645, que trata do ensino da cultura indígena nas escolas, e , para concluir, o tema sexualidade
O quê: Viva a Xoça! – Calourosa
Quando: 16 de março (sexta-feira), a partir das 14h.
Onde: Área externa em frente ao PAF III, Campus de Ondina.
Programação:
10h: Construção da Xoça
14h: Apresentação do Programa de Educação Tutorial (Pet) e do projeto “Viva a Xoça!”
15h: Roda de conversa sobre “inclusão e democratização dos saberes” (Pet Letras).
16h: Roda de conversa sobre “ensino de cultura indígena nas escolas” (Pet Comunidades Indígenas)
17h: Roda de conversa sobre “ diversidade e sexualidade na universidade” (Pet Comunicação)
18h: Encerramento com manifestação cultural indígena