Xoça Manifesto

Construção da Xoça

No dia 16 de março, durante a Calourosa 2012 da Ufba, o Petcom e o Pet-Comunidades Indígenas realizaram a “Xoça Manifesto”. A atividade, de cunho político e extensionista, seguiu a proposta de divulgar o Programa de Educação Tutorial para os estudantes da Ufba e também de dar visibilidade à questão indígena no espaço da universidade, através da distribuição do manifestado produzido pelo grupo Comunidades Indígenas.

Além disso, o Petcom esteve presente no estande da Faculdade de Comunicação, na Feira do Conhecimento, apresentando aos discentes os projetos do Petcom, como a Revista Fraude e as oficinas realizadas pelo grupo, e também distribuindo o Peteleco 2012, informativo que explica a proposta e os objetivos do Programa de Educação Tutorial.

Realizar uma parceria com o outro grupo Pet foi uma experiência muita enriquecedora para os bolsistas do Petcom. Isso se amplificou pelo fato do Pet- Com. Indígenas ser um Pet –Conexões de Saberes, que se organiza de forma diferente, e pela troca de conhecimento com uma cultura de raiz indígena, a qual temos pouco contato direto. Leia a seguir, o manifesto.

Saiba mais sobre o projeto em http://bit.ly/GXhX6r

Confira as fotos da xoça em http://on.fb.me/HnP8CJ ou http://bit.ly/GWu8oI e assista a matéria da TV Ufba http://www.youtube.com/watch?v=oS2jOZdpFMk (no 0:15,  veja imagens da construção da xoça).

Para saber mais sobre o Pet – Comunidades Indígenas, acesse petindigenaufba.blogspot.com.br

Xoça Manifesto

Você sabia que têm índios Pataxó, Pankararu e Xucuru-Kariri nesta universidade?

Pois fique sabendo que sim!! E todos estão espalhados por diversas áreas do conhecimento: Artes, saúde, ciências humanas e educação; mesmo depois de mais de cinco séculos de exploração, assassinatos e tentativas de extinção. Talvez você não tenha percebido, porque não somos como o índio retratado na Carta de Caminha ou nas pinturas do período colonial.

A inserção na universidade se constitui hoje como um novo lugar para que nós, povos indígenas, lutemos pela valorização da nossa cultura e do nosso modo de vida, e da nossa sobrevivência enquanto povos diferenciados. Assim, podemos demonstrar que não estamos fadados a desaparecer e que estamos dispostos a lutar pela nossa sobrevivência física e cultural. Por isso, acreditamos que o protagonismo indígena deve ser adotado enquanto ideologia e prática na tomada de decisões que nos afetam, direta ou indiretamente. Desse modo, a participação ampliada dos índios nas esferas de exercício do poder é fundamental.

Por isso entendemos a importância de inserir o debate político sobre as questões indígenas dentro dos espaços da Universidade. Percebemos que a comunidade universitária ignora a realidade e luta dos povos indígenas. Mas não saímos das nossas aldeias para enfrentar esse mundo acadêmico em vão!!! Se a universidade não está preparada para nos receber, nós vamos prepará-la. Não queremos ser apenas “objeto de pesquisa” de uma ciência que nos exclui enquanto sujeitos históricos e produtores de conhecimento. À universidade se atribui um grande potencial de transformação da sociedade e esta deve começar por renovar a si mesma. Entendemos que este deve ser um espaço não apenas que represente a diversidade no discurso, mas que seja efetivamente construído por ela.

Por isso, acreditamos que democratizar é garantir que diferentes concepções e opiniões interajam para construir um ambiente de diálogo e de verdadeiro respeito às diferenças. Um lugar tão importante como a Universidade, será muito mais rico e possível se os sujeitos que constroem esse espaço representarem a própria diversidade das sociedades.

Nós, índios das etnias Pataxó, Pankararu e Xucuru-Kariri, não queremos ser considerados apenas pelo que fomos, por nossas perdas. Nós queremos ser entendidos e respeitados como parte de um processo mais amplo de reelaboração sócio-cultural que nos faz ser o que somos hoje: povos que se diferenciam em vários aspectos, mas que se unem na luta pela manutenção de nossas identidades indígenas, pelo respeito à diversidade étnica, e mesmo pelo direito a existir.

QUEREMOS mostrar quem somos e o que queremos dentro desta universidade.

QUEREMOS fazer HISTÓRIA, engenharia, química, psicologia, economia…

QUEREMOS uma ciência que não nos oprima, mas que nos respeite e valorize.

QUEREMOS manter um dialogo horizontal com a universidade.

QUEREMOS abrir a universidade para as comunidades indígenas.

QUEREMOS assistência estudantil que garanta a permanência dos estudantes que vêem das aldeias, assegurando moradia, transporte, alimentação, material didático.

QUEREMOS pesquisa e extensão diferenciada e voltada para as nossas comunidades, pois não queremos perder o vínculo com nossos povos, nem com a luta geral do movimento indígena.

QUEREMOS A REVERSÃO da língua limitada dos que falam do indígena como bicho, animal sem alma, coisa medíocre, preguiçoso, sem entender que o índio tem muito a dizer e a ensinar..

Ser índio é ser guerreiro, persistente e nunca desistir, é lutar sempre, e a cada dia descobrir uma nova estratégia de sobrevivência.

Nós queremos que as pesquisas e os projetos de extensão sejam utilizados em benefício de nossos povos e por isso percebemos a importância da nossa participação na formulação e execução desses projetos.

Pet – Comunidades Indígenas

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